sexta-feira, 13 de abril de 2012

ENTRE ELOGIOS E CRÍTICAS


Coisa difícil na vida é aprender a caminhar entre elogios e críticas. Quem só recebe elogios corre o risco de envaidecer-se, de encher-se de orgulho e de tornar-se sensível demais quando eles não acontecem. Por outro lado, quem recebe muitas críticas acaba se tornando um derrotado, um desanimado e com um sentimento de nulidade sempre crescente. Quem só elogia, ou é um adulador ou um alienado, ou deseja chamar atenção para si, ou se encontra completamente cego diante da fraqueza humana. Quem só critica, ou é um amargurado ou ensimesmado, ou se julga superior aos outros, ou tem uma mágoa incrustada na alma que não o deixa feliz com a felicidade alheia.
Cristo, o nosso Redentor, ensinou-nos que é grande risco viver sob constantes e abrangentes elogios: “Ai de vós, quando todos vos louvarem!” (Lc 6.26a). Em contrapartida, a Bíblia nos ensina também que a nossa palavra deve produzir ânimo, deve edificar, deve ser adequada e deve transmitir graça (Ef.4.29; Pv 15.23). Talvez a expressão exata seja a de que a nossa palavra deva ser “temperada com sal” (Cl 4.6): nem sonsa, nem mal educada, não sendo, assim, sem sabor ou salgada demais. Mas, se por um lado trata-se de um grande desafio saber dosar a palavra para que ela não envaideça e nem humilhe, por outro lado, precisamos aprender também a reagir adequadamente aos elogios e críticas sem ufanismo e sem abatimento.
Conta-se que certa vez um homem procurou um sábio a fim de que este o respondesse sobre o segredo da humildade e de como poderia, na vida, reagir aos elogios e críticas sem cair nos extremos. O sábio lhe disse então que ele deveria se dirigir ao cemitério da cidade e que lá, diante dos mortos, ele os elogiasse bastante, incansavelmente, e assim o fizesse por um bom tempo. Algumas horas depois o aprendiz voltou. O sábio o perguntou sobre a reação dos seus “ouvintes” e a resposta foi: “eles nada disseram”. O sábio então lhe ordenou que retornasse ao mesmo cemitério e que agora tão somente os criticasse sem dó ou piedade. O homem, desejoso em aprender sobre humildade, retornou e obedeceu às ordens do sábio. Algum tempo depois ele estava de volta e novamente o sábio lhe perguntou qual foi a reação dos seus “ouvintes”. A resposta foi a mesma: “nada disseram”. Então o sábio disse ao homem que ele assim vivesse diante dos elogios e críticas, que ele reagisse como aqueles que haviam recebido seus elogios e suas críticas..
Talvez seja necessário dizer que se o elogio for nos envaidecer precisamos nos transformar em pessoas que se assemelham à “platéia” da história acima. A mesma coisa deve acontecer se a crítica for atroz, se ela não for construtiva e se ela procurar nos prejudicar: então devemos nos emudecer, ou, melhor, agirmos como se mortos estivermos para aquela palavra ferina e que não serve para nada. Sei que é difícil viver assim, mas é preciso. Pois na vida há pessoas que sentem prazer em ferir os outros. Por outro lado, às vezes, sem saber, até mesmo quem só elogia e não nos alerta quanto aos perigos de nosso próprio comportamento, causa-nos mal enorme, se tão somente acreditarmos neles e em mais ninguém. Por isso entre elogios e críticas vamos aprendendo a viver seguindo um conselho simples da Palavra de Deus: “julgai todas as coisas e retende o que é bom” (1Ts 5.21).
Agindo assim não há vaidade e nem desespero, não haverá orgulho e nem desânimo, não encontraremos o ufanismo e nem o abatimento. Que Deus abençoe sua vida e que a “paz de Cristo seja o árbitro em nossos corações” (Cl 3.15). E que, sobretudo, sejamos agradecidos.

Rev. Célio Teixeira Júnior (revctj@bol.com.br)

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